Grande parte dos artigos postados nesse blog, foram copiados do blog Manjar Celestial do Mario Persona.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

1ª Carta sobre o Espírito Santo Operando na Igreja - W. Trotter

1ª Carta
Deus presente na Igreja

Amado irmãos,
Há vários pontos relativos à nossa posição de crentes reunidos em nome de Jesus, acerca dos quais sinto necessidade de vos falar. E escolho este meio para fazê-lo, porque assim vos ofereço maior facilidade de examinarem e pesarem maduramente o que vos será dito, facilidade essa que, provavelmente, não teríeis em conversa ou discussão livre, a que todos pudessem assistir. Ficar-vos-ia, porém, muito grato se um tal debate viesse a ter lugar (se o Senhor para isso inclinar os vossos corações), depois que tiverdes examinado e pesado na Sua presença os assuntos que agora submeto à vossa apreciação.
Em primeiro lugar quero recordar e mencionar a misericórdia de Deus para conosco, congregados no santo nome de Jesus. Somente posso inclinar a cabeça e adorar, lembrando-me daqueles momentos de verdadeiro refrigério e de sincera alegria que Ele nos concedeu, passando-os juntos na Sua presença. A recordação desses momentos, enchendo o coração de adoração diante de Deus, torna-nos muito queridos àqueles com que gozamos de tais bênçãos. O Vínculo do Espírito Santo é um vínculo real. E é nesta confiança que Ele me inspira, em amor de meus irmãos, que eu gostaria de, como vosso irmão e vosso servo por amor de Cristo, Expressar, sem reserva, o que me parece ser de suma importância para a continuidade da nossa felicidade e de nosso benefício comum, assim como para o que é muito mais preciosos ainda: A glória dAquele em cujo nome estamos reunidos.
Quando, em julho último, fomos levados pelo Senhor, como creio, a substituir a pregação do Evangelho, no domingo à tarde, por reuniões livres, como vinha ocorrendo, eu previra logo tudo o que depois se seguiu.
Posso, pois, dizer que o resultado não me surpreendeu absolutamente nada. Há lições relativas à direção prática do Espírito Santo que não podem ser aprendidas senão pela experiência. E muitas coisas que podem agora, pela bênção do Senhor, ser apreciadas pelo vosso entendimento espiritual e pelas  vossas consciências, teriam sido então completamente ininteligíveis, se não tivésseis aprendido a conhecer o gênero de reuniões às quais essas verdades se aplicam. É costume se dizer que a experiência é a melhor das mestras. Isso poderia muitas vezes ser com razão posto em dúvida, mas já não se poderia duvidar de que a experiência nos faz sentir necessidades que só o ensino divino pode fazer nascer. Acreditar-me-eis quando vos disser que o fato de ver os meus irmãos mutuamente descontentes da parte que eles tomam, uns e outros, nas igrejas [assembléias] não é para mim motivo de alegria; mas se este estado de coisas contribuir, como creio que o fará, para abrir todos os nossos corações às lições da Palavra de Deus, que, de outra maneira não teríamos podido aprender tão bem, esse resultado seria, pelo menos, um motivo de agradecimento e de alegria.
A doutrina da morado do Espírito Santo na Igreja sobre a Terra, e, por consequência, da sua presença e da Sua direção nas igrejas [assembléias] dos santos, me parece ser, desde há muitos anos, se não a grande verdade da dispensação atual, pelo menos como uma das mais importantes verdades que distinguem esta dispensação. A negação virtual ou real desta verdade constitui um dos traços mais sérios da apostasia que se tem manifestado. E este sentimento não tem diminuído em mim; pelo contrário, tem-se acentuado à medida que o tempo passa. Confesso-vos abertamente que, reconhecendo plenamente que há filhos bem amados de Deus em todas as denominações que nos rodeiam, e desejando ter o meu coração aberto a todos, já não me seria possível estar em comunhão com um corpo qualquer de cristãos nominais, que substituíssem a soberana direção do Espírito Santo por quaisquer formas clericais, do mesmo modo como, se eu tive sido israelita, não teria podido ter comunhão com a fundição de um bezerro de ouro em lugar do Deus vivo. Que isso tenha ocorrido em toda a Cristandade e que o julgamento esteja iminente sobre ela por causa desse pecado e de tantos outros, é o que nós não podemos deixar de reconhecer com dor, humilhando-nos diante de Deus, como tendo todos nós nele participado, e como sendo um só corpo em Cristo, com um grande número de cristãos que, ainda hoje, vivem nesses pecados e neles se glorificam. Mas as dificuldades que acompanham a separação desse mal, dificuldades que nós, certamente, deveríamos ter previsto e que agora começamos todos a sentir, não podem enfraquecer as minhas convicções relativamente a esse mal de que Deus, na Sua graça, nos fez sair; e não despertam em mim o mínimo desejo de voltar a essa espécie de posição e de autoridade humanas e oficiais – posição e autoridade de que se arroga uma certa classe de pessoas, características da igreja professante, e que contribui para apressar o julgamento que em breve cairá sobre ela.
Porém, amados irmãos, se estamos convencidos da verdade e da importância da doutrina da presença do Espírito Santo, ainda que essa convicção nunca poderá ser em nós suficientemente profunda, peço permissão para recordar-vos que essa presença nas igrejas [assembléias] dos santos é um fato que atesta a presença pessoal do Senhor Jesus (Mt 18:20). É de uma fé simples nesta verdade que necessitamos e somos frequentemente inclinados a esquecê-lo. E o esquecimento ou a ignorância desses fatos é a causa principal de nos reunirmos sem daí retirarmos qualquer proveito espiritual para as nossas almas. Se ao menos nos reuníssemos para estarmos na presença de Deus; se ao menos, quando estamos reunidos crêssemos que o Senhor está realmente presente ali, que efeito maravilhoso essa convicção teria sobre as nossas almas!
O Fato é que assim como Cristo estava realmente presente com Seus discípulos na Terra, como está agora verdadeiramente presente, assim também o Seu Espírito está nas igrejas [assembléias] dos santos. Se essa presença pudesse, de algum modo ser notada pelos nossos sentidos, se nós pudéssemos vê-la como os discípulos viam Jesus, que sublime sentimento nos inundaria então, e como os nossos corações seriam dominados por ela! Que profunda calma, que respeitosa atenção, que solene confiança nEle daí resultariam! Poria fim todo tipo de precipitação, todo sentimento de rivalidade, de agitação. Se a presença de Cristo e do Espírito Santo fosse assim revelada à nossa vista e aos nossos sentimentos espirituais! Mas este fato de Sua presença se basear na fé e não na vista, porventura causa menos influência em nossas vidas? Acaso Cristo e o Espírito Santo estão presentes em menor medida por serem invisíveis?
É o pobre mundo incrédulo que não recebe estas coisas, porque não as vê. Tomaremos nós então o lugar no mundo e abandonaremos o nosso? “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. Diz o Senhor, e acrescenta em outro lugar: “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós” (Jo 14:16-17).
Estou cada vez mais persuadido de que o que mais nos falta é a fé na presença real e pessoal do Senhor, e na ação do Espírito Santo. Não houve épocas em que essa presença se manifestava no meio de nós como um fato concreto? E quão benditos eram então aqueles momentos! Podia haver longos hiatos de silêncio. Mas como eram eles utilizados? Em depender verdadeiramente de Deus e em esperar seriamente nEle. Não houve inquieta agitação para saber quem oraria ou quem falaria; não se utilizava esses momentos para folhear as Bíblias ou os hinários para encontrar algo que nos parecesse conveniente ler ou cantar. Tampouco se deu lugar a ansiosos pensamentos sobre o que pensariam desse silêncio aqueles que estavam lá, como visitas ou assistentes. Deus estava ali. Por isso todos os corações aguardavam a indicação certa do Espírito Santo e o que Ele qualificaria. A liberdade do ministério provém da liberdade do Espírito Santo em distribuir a cada um, individualmente, como Lhe apraz (1 Co 12:11). Mas nós não somos o Espírito Santo. E se a usurpação do Seu lugar por apenas um indivíduo já é uma coisa intolerável, que dizer então da usurpação desse lugar por um certo número de indivíduos, agindo somente porque têm liberdade de agir, e não por saberem que só se resignam com a direção do Espírito Santo? Uma fé verdadeira na presença do Senhor poria ordem em muitas coisas.
Não se trata de guardar silêncio apenas por guardar silêncio, ou de que alguém se deva abster de agir unicamente por causa da presença de um ou outro irmão. Preferiria que houvesse toda a espécie de desordens, a fim de que se manifestasse o verdadeiro estado das coisas, a senti-las refreadas pela presença de um indivíduo. O Que realmente se deseja é que a presença do Espírito Santo seja concretizada de tal maneira que ninguém interrompa o silêncio a não ser sob Sua direção. E que o sentimento da sua presença nos guarde e nos defenda de tudo quanto seja indigno  dEle e do nome de Jesus, que nos reúne.
Sob uma dispensação, lemos a exortação seguinte: “Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; pelo que sejam poucas as tuas palavras” (Ec 5:1-2).
E, por certo, se a graça em que estamos nos tem dado mais livre acesso à presença de Deus, não devemos usar dessa liberdade como uma desculpa para a falta de respeito e para a precipitação. A presença real do Senhor no nosso meio deveria, certamente. Ser um motivo ainda mais premente para uma santa reverência e um piedoso temor, do que o pensamento de que Deus está no céu e nós na terra. “Pelo que, tendo recebido um Reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e piedade. Porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hb 12:28-29).
Esperando retomar este assunto, sou, queridos irmãos, vosso indigno servo em Cristo. W. Trotter

Apêndice à primeira carta

Por muito importante que seja a doutrina da presença e da ação do Espírito Santo na igreja [assembléia], seria bom não a confundir com a presença pessoal do Senhor Jesus na assembléia dos dois ou três reunidos ao Seu nome.
Alguns tem pensado que o Senhor estava presente na Igreja pelo Seu Espírito Santo, não distinguindo entre a presença pessoal do Senhor e a do Espírito Santo. Esse último dirige e administra; não é soberano. É o Senhor que é soberano.
O Senhor diz do Consolador, o Espírito de Verdade: “Não falará de Si mesmo... Ele me glorificará... há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar...” Mas o Senhor promete estar, Ele mesmo, ali onde dois ou três estiverem reunidos em Seu nome. Ele está no meio daqueles por quem se entregou a Si próprio. O Espírito Santo, por sua vez, foi dado, não se deu a Si mesmo.
É de suma importância reter a verdade da presença e da ação do Espírito Santo na assembléia. Este fato foi perdido de vista pela Igreja, e é isso que a tem arruinado. Substituiu a presença e a ação do Espírito Santo por uma ordem clerical. Contudo não seria conveniente que a aceitação desta verdade pela maioria tendesse a fazer ignorar a presença pessoal e efetiva do Senhor Jesus no meio da Assembléia. Em Mateus 18:20, o Senhor não diz: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, o Espírito está lá no meio deles” (por mais verdadeiro e bendito que isso seja), mas: “Aí, estou eu no meio deles”.
Seria uma grande perda para a alma e para a assembléia, se a presença pessoal do Senhor, como Senhor, fosse substituída pela do Espírito Santo, o qual não é Senhor, mas sim paracleto, isto é, Aquele que dirige e administra.
Em Efésios 4:4-6, temos, no versículo 4, a unidade vital; no versículo 5, a unidade de profissão; no versículo 6, a unidade exterior e universal. A primeira está em relação só com o Espírito; a segunda, só com o Senhor; a terceira, só com Deus. A primeira unidade compreende todos aqueles que têm vida divina; a segunda, todos aqueles que professam o nome de Cristo. Portanto, os que têm a vida encontram-se ali já no primeiro plano, ao passo que esta segunda esfera pode abarcar também os que ainda estão mortos. A terceira unidade, versículo 6, compreende universalmente todos os homens, mas os filhos de Deus estão ali na primeira fila. Deus é o seu Pai e Ele está neles, embora, exteriormente, Ele esteja acima de tudo e em toda parte.
Dissemos que a segunda unidade (versículo 5) está em relação com o único Senhor. ELE tem autoridade sobre todos aqueles que invocam o Seu nome, quer tenham a vida quer tenham somente a profissão, “... com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1 Co 1:2).
Em 1 Coríntios 12:4-6 encontramos as mesmas três coisas: O Espírito, o Senhor e Deus. Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E se há diversidade de dons, há,  por conseqüência, diversidade de serviços, mas o Senhor é o mesmo. Os servos têm recebido do Espírito a distribuição dos seus dons (1 Co 12:11), e eles desempenham os seus serviços sob a direção do Espírito. Mas, como servos, estão sob a autoridade de seu Senhor, que não é o Espírito, mas sim Jesus. O Espírito distribui e dirige os serviços, mas os servos são servos do Senhor.
De igual modo, quando se trata da Ceia, ela é a Ceia do Senhor. É a morte do Senhor que ali é anunciada; é o cálice do Senhor. É a mesa do Senhor (em contraste com os demônios). É, portanto, Ele quem tem a autoridade para determinar quem são aqueles que devem tomar parte nela (1 Co 10-11).
Notemos, porém, que somente pelo Espírito Santo nós podemos dizer: “Senhor Jesus” (1 Co 12:3).
Todavia, e mesmo sem o querermos, poderemos desconhecer a autoridade do Senhor na assembléia e substituí-la pela do Espírito, que não é Senhor, mas que administra da parte dAquele que é Senhor.
Nos dias da Idade Média a Igreja caíra no outro extremo, substituindo a administração do Espírito Santo pela administração do homem!
Convém notar que em Mateus 18:18-20 o Senhor não fala do Espírito. Trata-se da Sua própria autoridade, dEle, o Senhor, do Seu nome e da Sua presença pessoal. Sem dúvida que tudo é levado a cabo sob a direção do Espírito Santo, mas nós não estamos reunidos em nome do Espírito Santo, nem em volta dEle. Se pensarmos exclusivamente na presença do Espírito Santo, perderemos a verdade da presença pessoal do Senhor na assembléia e seremos compelidos a fazer senhor o Espírito Santo. Todavia, não podemos possuir a verdade da presença pessoal do Senhor, como Soberano, sem termos a verdade da presença e da ação do Espírito Santo, como sendo Aquele que administra da parte do Senhor, que é Soberano – sendo assim tudo que necessitamos!
Outra observação que ressalta a distinção entre a presença do Espírito Santo da presença pessoal do Senhor na assembléia, é que – embora entristecido – o Espírito Santo pode achar-se ali, apesar da ausência do Senhor. Numa assembléia dividida, os santos que a compõem têm, apesar disso, o Espírito Santo neles e com eles. Podem ignorá-Lo e não pensarem sequer na Sua influência, entristecendo-O, mas Ele não os deixa, não se vai embora: “Ele permanece convosco e estará em vós”. Mas o Senhor Jesus não pode encontrar-Se numa assembléia dividida.
Mateus 18:20 não trata da Sua onipresença, porque, nesse sentido, Ele está em toda parte, indistintamente; mas tratando-se de assembléias religiosas, o Senhor não prometeu estar em todas, porém exclusivamente ali, onde o Seu nome é o centro e o fundamento da reunião: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí, estou eu no meio deles” (Mat 18:20). E se Ele está lá, é Ele quem tem a autoridade, e o Espírito a administração.   
Ah, se tivéssemos o sentimento íntimo de que o Senhor está lá como Senhor, de que nós estamos lá como na casa dEle, que solene influência isso exerceria em nossos corações, e ao mesmo tempo, que admirável segurança e descanso! Quão livre seria então o Espírito Santo para nos administrar as bênçãos de Cristo, tomando do que é do Senhor, para no-lo fazer conhecer!
Que imenso privilégio o de sermos reunidos pelo nome glorioso dAquele que veio, dAquele que morreu, dAquele que ressuscitou, dAquele que está glorificado à direita de Deus, dAquele que nos enviou o Consolador, dAquele que de lá nos vem buscar!
Sim, é dessa reunião, cujo nome glorioso é o centro, que Ele prometeu: “Ai, estou eu no meio deles”! O Senhor, embora corporalmente ausente, encontra-Se, contudo, espiritualmente presente, de maneira positiva (e não apenas pelo Espírito Santo), no meio daqueles que o Seu nome reuniu. Ele está ali, e não em outra parte, quando se tratar de assembléias – e que bendita segurança, visto que ali Ele é Senhor!
Vosso muito dedicado em Cristo,  W. Trotter  

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3 comentários:

  1. Que o Senhor nos conceda graça de compreendermos tão profundamente na nossa alma e não no intelecto essas verdades.

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  2. Amém meu irmão, só através do Espirito Santo para realmente entendermos essas verdades.

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